Como preparar o solo para ter um bom cultivo de cana de açúcar.
Sabemos que é de grandiosa importância se fazer um bom preparo de solo, antes da introdução da cultura utilizada na reforma do canavial, pois na maioria das vezes, o solo não é preparado novamente para o plantio da cana-de-açúcar em sucessão. As atividades desenvolvidas durante o processo de preparo do solo são dispostas numa sequência, de forma a criar no solo condições físicas e químicas que atendam às necessidades da cultura da cana-de-açúcar.
Esta ordenação obedece a uma sequência com alternativas para possibilitar pelo menos duas diferentes modalidades de preparo de solo: o preparo de solo convencional e o preparo de solo com cultivo mínimo
No ciclo de produção da cana-de-açúcar, podem-se identificar as fases de plantio, tratos culturais e colheita nas quais são transportados fertilizantes, defensivos químicos, mudas, palhiço e colmos para moagem, em ordem crescente de intensidade de tráfego pela quantidade de massa movimentada. O tráfego de tratores, colhedoras, implementos e veículos de transporte utilizados nas referidas fases contribuem para o adensamento do solo, tornando necessárias operações pesadas como subsolagem, aração ou gradagem para sua desagregação.
Os processos agronômicos de produção de cana-de-açúcar continuam os mesmos utilizados durante vários séculos, mesmo em regiões com maior desenvolvimento tecnológico, como o estado de São Paulo. Experiências bem-sucedidas em escala comercial mostram que outros processos agronômicos como, o Cultivo Mínimo e o Plantio Direto, podem substituir, com vantagens, o sistema de preparo convencional que atualmente domina a agricultura canavieira. Existem três opções para o preparo do solo, na fase de plantio: Sistema Convencional, Sistema de Cultivo Mínimo e Sistema de Plantio Direto. Estes sistemas estão descritos em ordem decrescente de utilização comercial.
– Sistema Convencional de preparo de solo para o canavial
O Sistema Convencional de preparo do solo envolve operações de subsolagem e aração, combinadas por gradagens para a eliminação das soqueiras e incorporação de corretivos de solo. O tráfego intenso de colhedoras e veículos de transporte são normalmente os agentes compactadores que justificam o uso da subsolagem e das gradagens. Desse modo, um ciclo vicioso de compactação e descompactação se repete ao longo do tempo, sendo que ambas as operações, tanto de compactação quanto de descompactação, demandam equipamentos, combustíveis, mão de obra e investimentos para serem realizadas. Estima-se que a perda de solo para outras culturas, decorrente do preparo convencional, pode atingir 50 toneladas por hectare ao ano. A cultura de cana-de-açúcar apresenta um índice de perda de solo relativamente pequeno, cerca de 12,4 toneladas de terra por hectare ao ano.
– Sistema de Cultivo Mínimo e Sistema de Plantio Direto
Esta técnica destaca-se por substituir as operações convencionais de preparo do solo em área total por um preparo concentrado na linha de plantio, que consiste mais frequentemente em uma subsolagem.
Em relação ao Cultivo Convencional, o Cultivo Mínimo apresenta redução na erosão, redução no uso de máquinas e implementos, reduzindo assim o uso de combustíveis. A perda de solo para outras culturas neste sistema pode atingir 20 toneladas por hectare ao ano, contra 50 toneladas por hectare ao ano no caso de plantio convencional.
– Sistema de Plantio Direto
O Sistema de Plantio Direto é uma técnica de manejo do solo em que palhiço e restos vegetais (folhas, colmos, raízes) são deixados na superfície do solo. O solo é revolvido apenas no sulco onde são depositadas as mudas e fertilizantes e as plantas infestantes são controladas por herbicidas, evitando assim cultivos mecânicos que provocam a compactação. Não existe preparo do solo além da mobilização no sulco de plantio. Consiste na sulcação após a dessecação da área. Existem estudos que assumem em 40% em média a quantidade de palha que pode ser retirada. A rotação com outras culturas, principalmente leguminosas na reforma também tem comprovada importância em relação ao nitrogênio Total. A redução da erosão, a melhoria das condições físicas e de fertilidade do solo, o aumento do teor de matéria orgânica, de nutrientes e de água armazenada, bem como a redução no consumo de combustíveis com a manutenção da produtividade da cultura, indicam o Plantio Direto como o sistema para alcançar maior sustentabilidade da agricultura, com mínimos impactos ambientais e sem degradação dos recursos naturais.